Rheingold – O Roubo do Sucesso é um filme biográfico sobre o rapper, produtor e empreendedor alemão Giwar Hajabi, mais conhecido como Xatar. O longa acompanha a ascensão de Xatar do gueto ao topo das paradas musicais, passando pela história de sua vida cheia de turbulências, oportunidades e obstáculos, saindo de uma prisão iraquiana e mudando-se para a Alemanha com a família nos anos 80, quando ainda era garoto. De um pequeno criminoso, não demorou até que ele se tornasse um grande traficante – até que uma carga de cocaína desapareceu e Xatar precisou bolar um plano lendário para pagar suas dívidas com os traficantes: um histórico roubo de ouro.
O começo mostra Xatar arremessado numa cela sem janelas e ventilação, acompanhado de dezenas de colegas de encarceramento. Torturado pela polícia para entregar o paradeiro do ouro, ele resiste até mesmo a uma forçada extração dentária. Aí, o filme faz um recuo no tempo para antes do nascimento desse menino que teria de enfrentar uma série de privações para se tornar bem-sucedido e financeiramente confortável por conta da música. Fatih Akin congela o protagonista nessa situação de crise e nos propõe um enorme flashback para voltarmos futuramente àquela encruzilhada.
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O convencionalismo da abordagem está justamente nessa construção retilínea mais preocupada em mostrar os fatos da vida de Xatar e menos em capturar os meandros emocionais, psicológicos, políticos, econômicos e culturais. O filme é uma sucessão de episódios bem contados – afinal de contas, estamos diante da obra assinada por um cineasta de qualidade –, mas que não está empenhada em revelar as essências. Tudo é demasiadamente superficial.Rheingold: O Roubo do Sucesso tem coadjuvantes que funcionam apenas como reveladores de alguns aspectos específicos de Xatar.
Nada mais do que isso. É impressionante como Fatih Akin deixa escapar coisas importantes, como as turbulências familiares e até as características do pai maestro. Aliás, na cena no nascimento do protagonista, o realizador mostra esse pai covarde fugindo em desabalada carreira, nem se dignando a proteger a esposa grávida. Enquanto isso, a mãe é encarada como uma pessoa de brios exemplares. Essa distância de atitudes poderia ser muito melhor desenvolvida dentro de um entendimento familiar, mas o enredo realmente não está preocupado minimamente com os coadjuvantes.
A fuga paterna e o parto solitário não criam qualquer tensão no seio doméstico, sendo vistos apenas como passagens indicativas de uma diferença de temperamento. A posterior debandada do pai em virtude da paixão por outra mulher, a adaptação à Alemanha, a conexão com outro imigrantes junto aos quais formar uma comunidade, a eventual sensação de não pertencimento, nada disso é acentuado. Estamos diante de um longa-metragem oco. A casca é feita de momentos da ascensão de um jovem que encontrou na criminalidade a possibilidade de vencer na vida, mas nem as poucas alternativas são enxergadas como sintomas da situação social complexa.